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Teatro

Entre o real e o delírio: “Uma Família à Procura de um Ator” reflete sobre fama, solidão e pertencimento

 

(Foto: Divulgação)

 

Peça de Samir Yazbek dirigida por Gustavo Merighi, com Anderson Müller em seu primeiro monólogo, estreia no Teatro Itália e propõe um diálogo vibrante entre passado e presente.

 

A solidão, a busca por pertencimento e a pressão da fama em uma sociedade hiperconectada estão no centro de “Uma Família à Procura de um Ator”, novo espetáculo de Samir Yazbek com direção de Gustavo Merighi.

A peça marca também o primeiro monólogo de Anderson Müller, que comemora 40 anos de carreira com o desafio de sustentar sozinho uma narrativa intensa e poética.

 

A estreia aconteceu no dia 14 de outubro, terça-feira, no Teatro Itália, em São Paulo.

 

“O público, que a princípio assiste a uma peça de teatro, tem a sensação de estar em um reality show, como no filme O Show de Truman”, explica o diretor Gustavo Merighi. “Quando o backstage é revelado, o ator se torna um participante tentando entender o sentido da própria vida.”

 

Escrita originalmente em 1988, Uma Família à Procura de um Ator marcou a estreia de Yazbek como dramaturgo. Décadas depois, o texto retorna aos palcos em versão revisada e publicada pela Editora É Realizações, revelando o amadurecimento artístico do autor.

 

“Foi muito estimulante reencontrar, anos depois, o universo de uma peça que aborda um tema tão candente, com uma perspectiva que valoriza a linguagem poética, sob uma ótica existencial”, afirma Yazbek.

 

Ao lado de Merighi, jovem diretor formado na Faculdade Célia Helena, o dramaturgo estabelece um diálogo entre o analógico e o digital, criando um espetáculo que une sensibilidades de duas gerações.

 

O enredo acompanha um ator de mais de 50 anos que, após conquistar a fama, decide voltar à sua cidade natal. O reencontro com a casa da infância desperta memórias e revela ausências, levando-o a uma jornada introspectiva sobre pertencimento, carreira e relações familiares.

 

Com humor, lirismo e provocações, a peça apresenta um homem que, ao buscar o sucesso, se distancia das próprias raízes — uma metáfora sobre os dilemas da vida moderna e da exposição constante.

 

Para expressar o conflito interno do protagonista, Merighi constrói um universo pós-apocalíptico e cyberpunk, onde o passado e o futuro colidem. TVs de tubo, sucatas e drones dividem o mesmo espaço cênico, simbolizando a mistura entre o humano e o tecnológico.

 

“A peça aborda um mundo excessivamente preocupado com a imagem, constantemente vigiado, onde muitos buscam seu lugar sob os holofotes sem perceberem as consequências disso”, afirma o diretor.

 

Um drone com transmissão em tempo real sobrevoa o palco, funcionando como metáfora da vigilância e da exposição digital. Em cena, a fronteira entre o real e o imaginário se dissolve, criando momentos de humor, estranhamento e introspecção.

 

Conhecido por papéis marcantes na televisão e no teatro, Anderson Müller enfrenta um novo desafio: sustentar sozinho uma peça que oscila entre o drama existencial e o delírio poético.

 

“Num solo, você está o tempo inteiro tendo que se desafiar. Como resolver uma situação? Comigo mesmo. É uma loucura que exige atenção total”, diz o ator.

 

Para o diretor, Müller traz ao papel a energia necessária para dar vida a um personagem que transita entre lucidez e insanidade.

 

“Vi nos olhos do Anderson a loucura que o personagem exigia”, conta Merighi.


“Essa loucura é a sede pelo teatro, o amor à profissão e a dedicação à arte”, completa o ator.

Misturando elementos analógicos dos anos 1980 com tecnologia digital, Uma Família à Procura de um Ator convida o público a refletir sobre um mundo saturado de aparências, onde todos parecem estar sob holofotes.

 

Entre memórias, telas e drones, a peça se torna uma experiência sensorial e filosófica sobre quem somos quando ninguém está assistindo.

 

Serviço: 

 

Temporada: De 14 de outubro a 19 de novembro. 

Horários: Terças e quartas, 20h, com apresentações extras nos dias 1, 2, 15 e 16 de novembro, sábados, 19h e domingos, 18h. 

Duração: 70 minutos. 

Local: Teatro Itália. 

Endereço: Av. Ipiranga, 344 -- República, São Paulo. 

 Classificação: 14 anos.

 Ingressos: R$ 80,00 (inteira) / R$ 40,00 (meia-entrada). 

Link para vendas de ingressos: Link

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