
(Foto: Divulgação)
“AMOR NO DRIVE-IN POR FAVOR, NÃO ME COVID” foi escrito, produzido e dirigido por Darson Ribeiro para ocupar parte do estacionamento de seu novíssimo Teatro-D, driblando os gastos de uma obra de quase um ano e, principalmente, pela caótica crise financeira de mais de quatro meses, respeitando protocolos de saúde estadual e municipal, que ainda patinam em procedimentos e regulações para a reabertura das portas.
“O Happening floresceu no final dos anos 50 na Europa e EUA e caracterizou-se principalmente por alguns movimentos de contestação radical a alguns outros gêneros, como o Dadaísmo e o Surrealismo, unindo a uma linguagem que envolve, quase obrigatoriamente, a participação ativa e física do espectador – por isso não podia ser outro gênero”, continua Darson.
Darson praticamente virou o palco para fora, onde o público verá uma peça teatral de 40 minutos, sem sair de seus carros. A participação é realmente efetiva, com acionamentos de faróis, buzinas, água e limpador de para-brisas, pisca alerta e até a lanterna de celular, tudo que contempla um happening de verdade, e difere total e integralmente do que já foi feito até então, em tempos de Lives e online.
Conta a história de Maria Clorokyna de Jesus, interpretada por Vanessa Goulartt, cuja maior proximidade com o atuar é fazer freelas pra bacanas. E é assim que tudo começa: com ela saindo de uma festa clandestina do DJ Alok, fantasiada e achando que saiu de “E O Vento Levou”, onde atendeu até Glória Maria. Perdendo-se num devaneio que ela mesma não sabe se foi por alguma bebida batizada ou drogas (debochando da cloroquina no nome), é quase atropelada em pleno estacionamento por um ator altamente sedado pela vida ilusória que vive, também fazendo jus ao seu nome, Fakenewsson da Silva, interpretado por Ken Kadow.
É neste embate existencial entre os dois que a inventividade do criador se embasou para transpor fatos reais e fictícios, além de discursos dos mais diversos, envolvendo políticos, personalidades, apresentadores de televisão, cantores e modelos – para resumir numa grande alegoria onírica, por conta de um ‘vo-to-fa-ke” numa certa eleição que, de certa forma, condenara a jovem aspirante a atriz a um eterno questionamento do que é certo e do que é errado, estimulado por um pseudo-ator, que já não estranha mais nada, porque desde sempre viveu num mundo ‘empty’.
Num discurso inicial pra lá de estimulante, onde uma voz, imitando certo governador dá os detalhes da encenação, os espectadores, devidamente posicionados em seus carros, terão muito pra ver e se divertir, desde músicas temáticas da época da ditadura militar, passando pelos anos 80 até hoje, somadas a efeitos sonoros, cores, luzes, fumaça – e à atração principal, um carro conversível de Fakenewsson, que o tempo todo também faz parte do happening.
“AMOR NO DRIVE-IN POR FAVOR, NÃO ME COVID” é literalmente um deboche a tudo que vimos vendo, ouvindo – e obrigatoriamente ou não – vivendo, cujo objetivo maior é justamente sacudir as estruturas que, infelizmente, por uma pandemia, se veem superadas. “O espectador deixa de ser simplesmente observador e passa a ser celebrante, juntamente com o idealizador, elenco, e equipe técnica”, explica o diretor, ao vivo e a cores.
Serviço:
Temporada:06 de Agosto até 27 de setembro.
Horários: Quinta a Sábado, às 21h e Domingos, às 19h
Local: Teatro D
Endereço: Rua Leopoldo Couto de Magalhães, 366 (cancela do Hipermercado Extra Piso G-2)
Duração: 40 minutos.
Classificação etária: livre
Ingressos: R$120,00 (4 pessoas por veículo)
Capacidade: 25 espectadores.
Venda ingressos: Sympla.com.br
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